BE3143

Compartilhe:


Abertura do XXXIV Encontro dos Oficiais de Registro de Imóveis do Brasil em Florianópolis – ilha açoriana e mágica


A cerimônia de abertura do XXXIV Encontro dos Oficiais de Registro de Imóveis do Brasil, no dia 24 de setembro de 2007, às 20h, no auditório do Hotel Majestic Palace, em Florianópolis, SC, foi prestigiado por autoridades dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo do estado, além de reunir registradores imobiliários de todo o Brasil.
 
No centro da mesa solene, o presidente do Irib Helvécio Castello e a vice-presidente por Santa Catarina, Gleci Palma Ribeiro Melo, receberam convidados muito especiais: Valter José Galina, secretário de estado do Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, representando o governador de Santa Catarina Luiz Henrique da Silveira; desembargador José Volpato de Souza, vice-corregedor da Justiça do estado de Santa Catarina, representando o presidente do TJSC, desembargador Pedro Manoel Abreu; desembargador Orli de Ataíde Rodrigues, do TJSC; conselheiro José Carlos Pacheco, presidente do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina; Deputado Onofre Santo Agostini, da Assembléia Legislativa de Santa Catarina; desembargador Marcelo Guimarães Rodrigues do TJMG; Rogério Portugal Bacellar, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil, Anoreg-BR; e  Sérgio Ivan Margarida, representando o presidente do Colégio Notarial do Brasil.

Modificações legislativas valorizam o registro imobiliário
 
O presidente do Irib Helvécio Duia Castello agradeceu a presença de todos e iniciou seu discurso dizendo que prestaria duas especiais homenagens, a primeira, aos três ex-presidentes presentes à sessão solene de abertura do XXXIV Encontro dos Oficiais de Registro de Imóveis do Brasil, Ítalo Conti, Lincoln Bueno Alves e Sérgio Jacomino. “Sem eles, o Irib jamais teria alcançado o grau de capacitação profissional que hoje tem”, declarou.

O presidente do Irib agradeceu ainda as honrosas presenças da mestra Mónica Jardim, professora da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; do diretor geral dos Registros e do Notariado de Portugal, António Luis Pereira Figueiredo; do presidente da Camara-e.net Manuel Matos e do sócio-fundador e emérito colaborador do Irib, Oly Érico da Costa Fachin.

A segunda homenagem do presidente foi para “as incríveis belezas naturais e imperdível roteiro cultural de Florianópolis, representado pela magnífica arquitetura açoriana preservada até os nossos dias”.

Sobre o atual momento que vive o registro imobiliário brasileiro, o presidente Helvécio Castello mencionou as profundas modificações que alteram as atividades registrais; que criam novas atribuições para notários e registradores, antes exclusivas do Judiciário; e que ampliam as responsabilidades desses profissionais no exercício de importante função pública voltada à prevenção de conflitos.

Discurso da anfitriã Gleci Palma Ribeiro Melo emociona congressistas

A registradora titular do Segundo Ofício do Registro de Imóveis de Florianópolis, vice-presidente do IRIB/SC e anfitriã do Encontro deu as boas-vindas aos participantes e pronunciou discurso em que nomeou os principais atrativos de Santa Catarina, principalmente a bela Floripa, e encantou os congressistas, que a interromperam várias vezes com merecidos aplausos.
 
Deputado Onofre Santo Agostini, Helvécio Castello, Gleci Palma Ribeiro Melo e Valter José Galina ouvem o Hino Nacional na abertura do XXXIV Encontro dos Oficiais de Registro de Imóveis do Brasil.
 
Quero dar as boas-vindas a todos. É com muito carinho que os catarinenses recebem todos vocês para a realização do XXXIV Encontro dos Oficiais de Registro de Imóveis do Brasil. Eu, particularmente, fico feliz de acolhê-los, pois há trinta e quatro anos estava na cidade de São Paulo, no Hotel Eldorado, quando fundamos o IRIB. Sim, amigos, eu faço parte de uma classe em vias de extinção: sócio-fundador. Sou um dos últimos espécimes dessa maravilhosa turma. Dos muitos que lá estiveram, hoje, restam muito poucos.  Em Santa Catarina, somos quatro sócios-fundadores: Roberto Baier, Kirana Lacerda, Selva Palma Ribeiro e eu. Aqui, esta noite, estamos em três: Oly Érico da Costa Fachin, de Porto Alegre, Ítalo Conti Junior, de Curitiba, e eu. Um trio de peso do sul do Brasil.

Quero que vocês, que vieram dos mais variados estados do Brasil, permitam que os leve por uma viagem rápida pela nossa bela Santa Catarina, este estado privilegiado. É pequeno, mas reúne uma diversidade tal de cenários e gentes que deslumbra os que o visitam. Praias de areia branca, matas tropicais e serras nevadas. Gente de várias etnias, culturas diferenciadas, saborosa culinária. Terra de surpreendentes, belos e definitivos contrastes.

Temos aqui pescadores açorianos, agricultores italianos e industriais alemães. Na economia temos uma agricultura forte, baseada em minifúndios rurais; um parque industrial atuante, com indústrias de grande porte e milhares de pequenas empresas espalhadas por todos os lados e ligadas aos centros consumidores por portos e uma eficiente malha rodoviária. Estradas que incrementam o turismo, vocação inata de nosso estado.

Foram os portugueses que desbravaram Santa Catarina a partir do século XVI. Os imigrantes açorianos vieram bem mais tarde, no século XVIII, mas foram eles que colonizaram e deram forma ao tipo humano tão especial que hoje habita os 500 quilômetros do litoral do nosso estado.

Na segunda metade do século XIX chegaram os alemães, espalhando-se principalmente pelo vale do Rio Itajaí. Com trabalho e determinação construíram a pujante face industrial de Santa Catarina. No fim do século XIX, foi a vez dos italianos, a maior corrente migratória já recebida por Santa Catarina. Eles ocuparam principalmente a região Sul, próxima ao litoral, que até hoje preserva tradições herdadas dos pioneiros: o cultivo da uva e do vinho, o amor à boa mesa, a alegria e a religiosidade.
 
O mosaico de tipos humanos que fundiu o catarinense de hoje inclui ainda os tropeiros que faziam a rota entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Temos ainda os japoneses, os austríacos e os gaúchos que ocuparam as férteis terras do oeste.

Todas essas etnias são um pouco responsáveis pela rica diversidade cultural e sociológica de Santa Catarina.

A natureza dá o tom do litoral catarinense. São praias, lagoas, rios, montanhas e a exuberante Mata Atlântica. Para o interior temos o Caminho dos Príncipes. Um roteiro bucólico que atravessa cidades de rara beleza, tipicamente alemãs, com casarões de madeira e ruas impecavelmente limpas. Percorrê-lo é descobrir a simplicidade e a beleza do interior catarinense, temperado pela rica tradição germânica. Um pedaço da Alemanha encravado em plena Santa Catarina, assim é o Vale do Itajaí. Essa referência germânica é visível na arquitetura e na culinária, no artesanato e nas festas, nos olhos azuis e nos cabelos loiros da população.

Quem percorre os caminhos do sul, conhece uma pequena Itália. Existem colônias italianas ao norte e oeste do estado, mas o mais homogêneo reduto italiano de Santa Catarina fica no sul. Lá, degustar um bom vinho, comer uma boa polenta, apreciar dialetos e canções tradicionais, são prazeres simples que gratificam o visitante.

No meio-oeste, aconchegada entre verdes colinas, encontramos Treze Tílias, uma verdadeira viagem aos Alpes austríacos. Lá encontramos ateliês de escultura em madeira, a maior atração de um pedacinho da Europa em terras tropicais. Além dos europeus, o meio-oeste catarinense tem também asiáticos. Ali há uma comunidade japonesa que trabalha a terra para dela extrair verduras, frutas e flores multicoloridas.

No inverno, o cenário de neve, frio e pinheiros surpreende e torna ainda mais bela a natureza agreste do Planalto Catarinense. Pequenas cidades rurais emolduram o espetáculo de serras e planícies cortadas por cânions. Quer maravilhar-se? Basta aventurar-se pela Serra do Rio do Rastro ou pela Serra do Corvo Branco com os cenários que se sucedem a cada curva da sinuosa estrada. Até hoje, apesar de admirar essas duas serras, ainda não consegui escolher a mais bonita.

Brota das profundezas da terra uma das maiores riquezas de Santa Catarina. São as fontes termais, de qualidades só comparáveis às melhores do mundo, e que atraem milhares de visitantes aos balneários nelas localizados. São milhares de turistas vindos de vários pontos do país e até do exterior. Um complemento natural e saudável de geografia privilegiada com que a região foi agraciada.

Embora ocupe pouco mais que 1% do território brasileiro, Santa Catarina possui papel de destaque no cenário nacional. Que tal, gostaram do nosso passeio? Não ficaram com vontade de pegar um carro e sair por aí?

Peço a vocês só um pouco mais da paciência porque faltou falar na maior jóia de Santa Catarina. E qual é ela? Quem pensou Florianópolis, ilha açoriana e mágica, acertou.
 
Queridos amigos e colegas, vocês estão nela. E aqui estou eu, a bruxa boa e simpática para lhes falar de Floripa. Até hoje ninguém pôde provar que toda a bruxa é feia e má. Segundo a escritora Neidi Rodrigues, o traçado geográfico da Ilha de Santa Catarina é a imagem de uma bruxa. Ela descobriu que o mapa da Ilha tem o perfil, ou melhor, o contorno físico do corpo de mulher, com as características que costumamos encontrar no protótipo de uma bruxa.

A bruxa está em movimento, como se estivesse andando; também parece falar com alguém que está no continente; sua cabeça encontra-se ao norte da Ilha, os pés ao sul. Parece caminhar vinda do leste, do nascer do sol, traz sua magia e um campo magnético muito forte e harmonioso. A bruxa do mapa tem uma luz própria que atrai seus buscadores.

Nossas bruxinhas se acomodaram e ainda hoje vivem nas três primeiras freguesias: Ribeirão da Ilha, de 1749, Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, de 1750 e Nossa Senhora das Necessidades de Santo Antônio de Lisboa, de 1752. Agora, vou contar um segredo para vocês que só quem vive aqui e tem alma manezinha sabe: nas noites de lua cheia elas saem de suas freguesias e vão fazer a sua reunião na Ilha do Arvoredo, ao norte da Ilha. Elas vão para lá de canoas bordadas, feitas de um único tronco de guarapuvu, cedro ou figueira, lindas em suas cores vivas e seus espelhos de proa.

Outras vão de baleeira, obra-prima da carpintaria naval açoriana e catarinense. As mais afoitas vão nas vassouras de piaçava ou num galho de jeribá, conhecida na Itália como bella donna, formando no céu verdadeiro balé com seus vôos.

Por falar em baleeira, ela é a rainha do mar, enfrentando com magnitude as ondas oceânicas e o nosso vento sul.

Quem nunca ouviu o seu toque-toque, não sabe o que é um som açoriano. No inverno, quando chegam os cardumes de tainha, esses barcos tomam-se o centro dos pescadores, e os ranchos que os abrigam ganham vida nova.

Gostaria de falar um pouco sobre os ranchos de pescadores, uma coisa tão nossa. São rústicas construções de madeira, de chão batido e telhas de calha, construídas próximas à areia da praia. Ali são guardados, além das embarcações, apetrechos utilizados na pesca artesanal: espinhel, samburá, rede, puçá, tarrafa, jereré, pomboca, velas, motor, ferramentas, remos, varejão e cabos.

Ali se reúnem os homens. Quando não estão pescando, remendam redes e trabalham nos barcos, fazem café, contam experiências vividas no mar.

Temos aqui, também, a mulher rendeira, a companheira desse homem do mar. Suas mãos são marcadas pelo trabalho, calejadas de tanto jogar os bilros, como se fosse uma brincadeira. Nesse embaralhar de pauzinhos, ela tece maravilhas de rendas, sentada em frente à almofada.

Para finalizar gostaria de dar um conselho aos que aqui vão conviver conosco estes dias: shoppings existem em todas as principais cidades, restaurantes finos, também, roupas de grife, idem. Não fiquem só nisso.

Abram os olhos do corpo para as nossas belezas naturais e os olhos do coração e da alma para sentir a magia da nossa ilha. Procurem sentir Floripa no que ela tem de mais especial. Se vocês fizerem isso eu prometo que sairão daqui renovados e felizes. Palavra de bruxa!

Obrigada.

(Fonte: Bruxas e Magia da Ilha de Santa Catarina – Neidi Rodrigues; Florianópolis, Ilha Açoriana – Ana Lucia Coutinho e Catarina Rüdiger; Santa Catarina, Terra de Contrastes – Rogério Monteiro, Lolita Cunha e Catarina Rüdiger.)



Últimos boletins



Ver todas as edições